quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Carta à amante do meu pai.

S,
escrevo esse desabafo com a única intenção de aliviar o meu coração. Infelizmente, jamais vou esquecer, não importa quanto tempo passe, e o quanto ele leve embora, simplesmente existem coisas que te moldam e marcam de uma maneira tão profunda que nada e ninguém conseguem apagar, como uma ferida aberta que se recusa cicatrizar, e que por vezes lateja, dói, incomoda. Eu tinha apenas seis anos, mas lembro como se fosse hoje o dia em que minha mãe disse que o meu pai iria sair de casa. Foi um dia tão triste, tão cinza, tão frio. Eu lembro bem, e eu dizia a minha mãe que isso não poderia acontecer, que eu nunca iria deixar isso acontecer. Na minha inocência de criança eu achava que meu pai era perfeito, um herói sem capa, que me amava e que JAMAIS iria me decepcionar e muito menos me abandonar. Sabe, eu ainda fico muito indignada e inconformada com o fato dele ter preferido ficar com você do que com a família. E nem pense que é por você ser horrorosa, gorda e sem caráter. Pra mim, ele simplesmente deveria ter pensado em mim e no meu irmão, que eram duas crianças que precisavam  de todo o amor e proteção do mundo, ter uma família. Ninguém pede pra nascer, portanto, se colocou filho no mundo tem por obrigação de assumir todas consequências dos seus atos. Há quem diga que a minha mãe é complicada, e eu realmente vou ter que confirmar. Ela é realmente uma pessoa complicada, mas quem não é? Ainda não encontrei ninguém perfeito nesse mundo e tenho certeza de que jamais vou encontrar. Apesar de complicada, tenho certeza que ela tem um lado doce,. tão doce e puro que fez ele se apaixonar, noivar, casar. E se tem uma coisa que eu tenho prazer de falar pra todo mundo em alto e bom tom: foi com a minha mãe que ele casou de verdade, na igreja e no papel, vestido branco com buquê e lua de mel! Enfim, contigo só rolou um contrato de cuncubinato. Sabe o que quer dizer cuncubina em português claro?  PUTA, PROSTITUTA, MERETRIZ! E para mim tu nunca vai passar disso, de uma vagabunda que destruiu um lar, o meu lar, a minha família. Eu sei muito bem que o casado era ele e que a família era dele também, e pra mim ele é muito mais culpado do que você. Afinal, você não devia nada a gente, era ele quem devia: lealdade, respeito, proteção. Porém, você não é santa, muito pelo contrário, e tem uma grande parcela de culpa, afinal você sabia que ele era casado e que tinha mulher e dois filhos, porque você pode ser TUDO, mas se tem duas coisas que você definitivamente não é: burra e ingênua. Na boa, você pode ter saido com uma boa pensão e com bens, mas eu não sei como consegue se deitar de noite e dormir tranquila sabendo que contribuiu para uma família ser destruida, mas será que você ao menos tem uma consciência, ou um coração? DUVIDO MUITO. MONSTRO, S, VOCÊ É UM MONSTRO!  Um ser desprezível! 
Portanto, se você não sabia o porquê eu não gostar de você e muito menos do seu filho (que assim como eu é uma vítima nessa história, mas que eu não sou obrigada a gostar, certo?) fique sabendo: você contribuiu para destruir a minha família, a imagem de herói que eu tinha do meu pai, aquele gosto bom de infância que eu tinha, e eu jamais irei esquecer, isso me marcou pra sempre e de uma maneira que eu jamais pensei que pudesse marcar. Antes eu era só uma criança cheia de sonhos, hoje eu sou uma mulher, que apesar de tudo ainda sofre com o passado que insiste em não passar, com a ferida que não quer cicatrizar, ferida essa que você deixou em mim. Apesar de tudo, eu nunca vou deixar de acreditar na família, no amor e na justiça divina. Não te desejo o mal, longe de mim, só desejo que você receba em dobro tudo aquilo que você mereçe. :)


Remar, re-amar, amar! Mesmo se esse barco estiver furado.
Caio F. Abreu